segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Auto-retrato

Engraçado que uns acham que me conhecem porque sabem meu nome. Na verdade nem eu sei ao certo. Me chamam de tanta coisa que nem sei. Acabo sendo um pra cada variação morfossintática daquilo que me denominam. O quieto, pequeno, divertido, controverso. Me projeto em espelhos numa vã esperança de que consiga ver minha própria imagem, e assim consiga me definir de fato: sou esse e não abro! Mas não posso. Não posso nem consigo. Depois de tanto tempo sendo tantas figuras hipotéticas e reais, me defini como tal. E assim cada vez fica mais difícil achar alguém que me acompanhe nessa trajetória extrusiva de santidades e sanatórios. Porque se hoje sou estrela, amanha já se apagou. Se hoje te odeio, amanhã lhe tenho amor. Lhe tenho horror. Lhe faço amor. Eu sou um ator.

Um comentário:

Unknown disse...

Definir-se é um ato constante em minha opinião, além de ser sumamente solitário, somos o que somos por ser e pelo que convivemos com os outros, mas os outros não nos fazem o que somos e sequer têm vaga ideia do que se passa em nosso íntimo, por isso que dizem que chegamos sós e sós abandonamos este mundo. Você tem jeito com poesia, estou lendo e achando-as lindas, por mais que não comente em cada uma delas. =)