sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Desejo

Certo ou errado
me rendo ao seu trato
me vendo barato
de gato e sapato
me use me abuse
me pegue me faça
me lambe, me cuspe
possua, satisfaça!

que hoje quero mais de uma vez.


sábado, 1 de dezembro de 2012

Pulsou

E suas mãos frias,
pegando em minhas,
tão trêmulas e vazias,
respirando sinestesias:
inalando prosa,
exalando poesia.

Um toque transforma.

[Quando te vi fiquei paralisado]

domingo, 7 de outubro de 2012

Aluga-se palco

Adeus palavras, ditongos, poesia:
o texto do artista borrou!
e a rouca voz
(que agora vos fala)
é o narrador em terceira pessoa,
espiando por detrás da coxia,
a morte do ator que ia
contar suas histórias de esquina,
antes que seu coração - que tremia -
parasse de bater.

ALUGA-SE PALCO



Ardor

Brinquei, corri
tentei, fugi,
cai.

chorei.

agora ando devagar porque já tive pressa.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Srta. Almeida

Embriagada!
Faminta de sonhos
e prazeres negados a ti.
É assim:
um pouco Janis,
às vezes Jobim.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Auto-retrato

Engraçado que uns acham que me conhecem porque sabem meu nome. Na verdade nem eu sei ao certo. Me chamam de tanta coisa que nem sei. Acabo sendo um pra cada variação morfossintática daquilo que me denominam. O quieto, pequeno, divertido, controverso. Me projeto em espelhos numa vã esperança de que consiga ver minha própria imagem, e assim consiga me definir de fato: sou esse e não abro! Mas não posso. Não posso nem consigo. Depois de tanto tempo sendo tantas figuras hipotéticas e reais, me defini como tal. E assim cada vez fica mais difícil achar alguém que me acompanhe nessa trajetória extrusiva de santidades e sanatórios. Porque se hoje sou estrela, amanha já se apagou. Se hoje te odeio, amanhã lhe tenho amor. Lhe tenho horror. Lhe faço amor. Eu sou um ator.

domingo, 19 de agosto de 2012

Roda viva traiçoeira

Daquela certeza inconstante,
palavras absolutas e infiéis,
surgiu um novo humano,
uma soma e divisão menos censurada.

Sem metáforas nem alegorias,
esse ser humano experimenta a vida,
tosse, cospe,
depois vicia.

(08/06/08)

Migração de almas

Almas advindas do outro lado
da fome, da crise, da precisão,
buscam refúgio num novo lugar,
branco, preto, marrom.

Trabalham, se perpetuam,
ensaiam num mundo ainda escravista.
Almas eu não vendo não!

(09/06/08)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Alcoólatras

evaporo em álcool
enquanto minh'alma 
ainda suporta ser
algo entre ela
e outro alguém.

quantos copos
pra te fazer feliz?


domingo, 5 de agosto de 2012

Niño

E eu brinquei, cai
corri, até,
plantei montão de sonhos
para mim.

Mas eu cresci, jurei
não sei, perdi,
pedi outra canção de infância
pra sorrir.

E eu lembrei, enfim,
porquê, de mim,
crescer e ser ainda
tão niño assim.


domingo, 22 de julho de 2012

Construção

Como é difícil - às vezes -
sustentar as próprias crenças,
sem ao menos saber o tijolo de si.

[concretize-se]

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Que fique bem claro que quando me refiro "aquela época" não faço apologia a uma época perfeita - tenho essa tendência. É que olhando assim de longe (hoje), costumo me recordar apenas de certas coisas específicas (boas), e acabo esquecendo de outras que tenho hoje e que fazem toda diferença. Complicado entender, mas pretendo ir contando aos poucos o porquê de cada coisa. O problema é que quando se é mais novo tudo é muito intenso. Queria eu contar todo livro aqui, cuspindo em uma ou duas páginas e acabar logo com isso, passar para outra história, mas não posso. Já não sou tão jovem assim e entendo que preciso lidar com essa situação o quanto antes. Não adianta passar por cima, fingir que nada aconteceu. Não há modo mais curto. A dor deve ser sentida! As alternativas são piores. Contudo, essa dor é acompanhada de esperanças. Existindo dor, há esperanças. E é onde você se encontra, às vezes, em algum lugar entre agonia, otimismo e orações. Então você é humano. Você está vivo! E isso tem que bastar.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O começo...

Hoje me veio a mente um fato especial ocorrido a mais ou menos 4 anos atrás. Engraçado que apesar de todo esse tempo, consegui lembrar de tudo, tudo daquela noite. Não quero dizer tudo, exatamente, mas tudo que senti. Espera-se agora que eu descreva sobre isso, mas não dá. Não consigo. Já não escrevo tão bem, e naquela época era tudo tão confuso. O que sentia era forte, e ao mesmo tempo sem rumo. Mesmo sabendo onde queria chegar, acabava muitas vezes andando na direção oposta ( mas sim, isso acontece também hoje). Mas não quero falar no hoje. Aquela época era tão mais interessante. Tenho certeza de que se fosse para contar alguma história para meus netos seria daquele tempo! - mas quando eles tiverem mais de 18 , claro.
Não pretendo fugir do assunto, mas já peço desculpas pois às vezes minhas lembranças doem, e ao invés de admitir, fico divagando entre pensamentos soltos que me levam em outra direção. Vim aqui hoje para tentar - sei que em vão - contar uma história. Não é sobre amor ou paixão, deixo isso para os romancistas de plantão. O que vou escrever aqui, ainda não tem nome...

domingo, 20 de maio de 2012

não adianta saber
conjugar o verbo amar
em todas as formas
sem ao menos entender
o seu significado.

literatura é amor,
gramática é para tolos.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Vivendo em cores,
mais branco no preto,
fazendo do dia,
crepúsculo vivo,
monocromático.

[I'm back to black]


quinta-feira, 10 de maio de 2012

No meu poema existe
uma lágrima,
um último toque,
um abraço não dado,
coração apertado,
de dor e saudade.

[luto]

sábado, 28 de abril de 2012

Desencanto

Mulheres areias de pó enlatado,
que procuram arduamente
o príncipe encantado:
não há areia no deserto suficiente
para fazer tal miragem inconsciente
acontecer na realidade.

[Modernize seu conto de fadas]

segunda-feira, 23 de abril de 2012

viver do velho
é mais fácil,
já se sabe o
que vai acontecer
no depois...

["eu quero uma realidade inventada"]

domingo, 22 de abril de 2012

Imiscível

Aquoso!
- o líquido pseudo -
rigidez aparente
de fácil dissolução.
misturo, misturo,
separo.

cansado
confesso:
sou um.

[e isso tem que bastar]

terça-feira, 20 de março de 2012

Religiosamente

Agora sou o cético!
o místico, o confuso,
(e mais o que já era..)
desci das escadas do altar,
- apaguei as velas -
e agora pra me fazer crer
no que já cri (ou me fizeram)
é preciso uma nova mentira,
(de vida ou de trevas)
que seja mais bem contada
que a história da história
que hoje por ai se prega.

religião não se vende,
nem precisa de propaganda.

[pois fé não se compra]

domingo, 11 de março de 2012

palavras em copos
cuspidas de álcool
seres atores
[suicidas modernos]
 - acidamente -
dilatados no tempo
perdidos no vento
e sem rumo de casa.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Amor é um mercado negro onde cada um é o vendedor de si, e acaba se vendendo a um preço tão barato que nos faz pensar: quando e onde aprendemos a nos prostituir? Dúvida intrínseca, e essencial. Só conseguimos entender um pouco nossos atos a partir do momento que começamos a nos perguntar certas coisas que nunca pensamos ou imaginamos influir tanto em nossas vidas. Não tente se esquivar nesse momento. Falo com todos! Olhar para dentro de si às vezes requer muita coragem, não se sabe ao certo o que vai se achar, o que achar, caso achar. Auto-questionamentos levam necessidade. Como satisfazer essa necessidade? Bom, essa é a parte difícil da história.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Você é palhaço sem palco!
Só tem nome, não espetáculo.
Sua graça é vazia (incompreendo)
influenciável feito o tempo,
doma almas
joga ao vento.

me arrependo:
já admirei suas jabuticabas do olhar.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Não

Não há amor
quando rolo na sua cama,
não há amor,
não, amor,
não há.

[às vezes me prego peças]

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Até.

não escrevo mais como antes
desculpe, não sou mais assim
eis que chegou roda viva
e carregou minha juventude
pra lá longe de mim.


domingo, 29 de janeiro de 2012

Cuidado

pra quem acha que sabe,
que conhece e interpreta um olhar,
saiba que brincas com fogo!
(não se faça de bobo)
você pode se queimar.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Humordernismo

No modernismo não tem rima,
nem todos is têm seus pingos,
ponto final é facultativo
e os hifens enfiam-se no onde-quiser.

na minha história, aqui,
Peri comeu Ceci,
e não ligou no dia seguinte.

Cidade selva

É na rua que todos se olham
e se desejam
feito frango de padaria
que gira e gira
e acaba sendo comido
pelo mesmo tipo de gente
de sempre,
quando se é bicho.

[tem gente por ai que é comida]

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Arder de vontade,
brincar de ilusão,
é padecer no inferno
de coração de inverno
e amor de verão.